Monday, September 26, 2005

"Traficante amigo"

(é um pouquinho grande, mas leiam por favor!)

-Você é traficante?
-Sou. Mas sou também um sinal de novos tempos. Como sou sujo e pobre, vocês nunca me olharam durante décadas. Eu era inofensivo, uns roubos, uns assaltos, mas, tudo bem...Vocês até me romantizavam...o Mineirinho, o Cara de Cavalo...Na época, era mole resolver o problema da miséria...O diagnostico era óbvio: migração rural, seca, desnível de renda...A solução é que nunca vinha...Os Mendes de morais, os Lacerdas, os Negrões de Lima, os Chagas, os Brizolas...Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós éramos invisíveis...Quando havia um desabamento, algo assim, éramos, no máximo, manchete de jornal e motivo de angústia para unsintelectuaizinhos como você. Agora, arranjamos emprego na multinacional do pó... hahahahahaha... E o mais engraçado de tudo é que nós somos sustentados por vocês mesmos, esses mesmo intelectuaizinhos que não sabem mais passar uma semana sem cheirar nosso pó ou fumar nossa porrinha. Acham a maio onda., se sentem no paraíso. São eles que sustentam nossa multinacional. É por isso que os adoro. Porque se eu dependesse desses favelados pobres, eu tava morto de fome. Eu gosto é dos ricos. Eles põem o pão na minha mesa todas as manhãs. Pena que são falsos (ou a melhor palavra para isso seria ‘burros”?). Depois de me darem o dinheiro, têm a cara de pau de chegar na TV e dizer que me queriam ver morto.
E vocês estão morrendo de medo...Danem-se...Nós somos o inicio tardio de vossa consciência social...Ha ha...
-Mas...a solução seria...
-Solução? A idéia de solução já é um erro. Não há mais solução, cara...Já olhou o tamanho das 450 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de S.Paulo? O máximo que vocês podem fazer são esses movimentozinhos pela cidadania....Cadê os bilhões de dólares para uma “solução” profunda? Só que, agora, vocês não têm mais a grana... E as classes altas não têm o menor interesse em ajudar acabar conosco, porque sabem que se agente acabar, acaba a droguinha das festinhas delas.
O dinheiro do governo está todo reservado para manter a estabilidade fiscal, que pode ir para o brejo a qualquer momento...Vocês estão com um bode por fora e outro bode por dentro. O capital financeiro fora e nós dentro. E os bodes vão se encontrar no infinito sujo de vosso destino...Gostou da frase? Sou culto; ouve outra: “Capitalismo selvagem gera revolta primitiva”. Aliás, tomara que quebre tudo...Vai ser mais fácil pra nós pilharmos vossas ruínas....ha ha...
-Você não tem medo de morrer?
-Estamos no centro do Insolúvel, mermão...Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Vocês têm medo de morrer, eu não. Nós somos homens-bomba. Na favela tem 100 mil homens-bomba...E.... Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração...A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala...Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em seja marginal seja herói? Ha ha..ai está...Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Esse parangolé todo, né? Vocês deviam era expor a gente na Bienal, como instalação...
-O que mudou nas periferias?
-A gente hoje tem uma coisa chamada Poder...Por que transferiram o Beira Mar para a Bangu 1? Pois é...lá ele manda...Você acha que quem tem 40 milhões de dólares não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório...Quala polícia que vai queimar essa mina de ouro? Pelo amor de deus...nêgo chama ele até de doutor, tá ligado?
-Estão pensando no Exército...
-Ah...cara...Você acha que os generais vão querer acabar com aquele dia-a-dia dos quartéis, pra subir em morros de lama? Que isso, meu? Eles ficam jogando aquele basquete de tarde, marcham, tocam os clarins, cantam hinos...Mas, ir à luta com o PCC e o CV? Com risco de darem vexame? Pra quê? Eles dizem que são treinadas para causas maiores, guerras profundas...Só se for com a Argentina....E também a gente já tem até foguete anti-tanques...Se bobear, vão rolar uns Stingers aí...Já imaginou a gente daqui a uns 10 anos? Pra acabar com a gente, só acabando com a droga, o que não vai acontecer, já que você mesmo, jornalista culto e moralista que aparece na minha tela de infinitas polegadas todos os dias não consegue mais chegar em casa e dormir sem dar aquela fumadinha, aquela cheiradinha ou aquela furadinha. Uma solução mais fácil seria jogar bomba atômica nas favelas...Aliás, a gente acaba arranjando também umazinha, daquelas sujas mesmas...Já pensou? Ipanema radioativa? Bomba atômica é uma boa...Vocês arrasam tudo e depois as favelas se valorizam, viram bons terrenos para vender pros ricos...belas vistas...bons ares...podem até fazer Centros Culturais no Complexo do Alemão e na Maré....legal? Se não, a gente vai virar países estrangeiros....Vou fazer frase: A miséria armada é uma outra nação, no centro do Insolúvel! Gostou? Olha, meu chapa, só generais saídos da favela, da lama, com a mesma fome de vida e morte, com o mesmo ódio que nós temos, poderiam nos vencer...Nós saímos do lixo, não temos nada a perder...Pra vencer, vocês tinham de começar reconhecendo sua derrota policial e administrativa. A guerra é o reconhecimento do fracasso da política...É isso ai...a bandidagem perdeu o respeito pela policia...Agora, não tem mais jeito...Pra ganhar essa guerra, vocês têm de começar o Brasil de novo...Falei?
-Falou...

(adaptação de um texto do Arnaldo Jabour)

Espetacular!!! Mais nada precisa ser dito.
Beijos e auto-análise para todos.

E para alguém muito especial:
"You're the breath that I take
You're the smile on my face
Everytime I breath in
Brings warmth from within
When you touch me I start believing
Love is like oxygen
You're in every breath I take"

Monday, September 19, 2005

O Valor do Perdão

Nesse sábado, eu fiz uma coisa que realmente não esperava fazer, mas que me deixou muito feliz.
Estava numa festa, na qual estava uma pessoa que já conheço há mais ou menos um ano e com a qual eu nunca me dei bem. A gente sempre implicou bastante um com outro e em várias ocasiões eu já senti muita raiva dela. Mas todas as vezes em que eu ficava com raiva, ou ódio, eu é que ficava muito mal depois.
Enfim...
Nesse sábado eu a chamei e pedi desculpas pelas nossas brigas diretas e indiretas. Não vou dizer que simplesmente de uma hora para outra eu passei a amá-la e achá-la a melhor pessoa do mundo. Claro que não. Inclusive continuo vendo os mesmos defeitos que sempre me incomodaram. O que mudou foi a minha postura. A convivência melhorou e até mesmo o carinho. Descobri que aquela raiva só fazia mal a mim e a ela.
Espero sinceramente que essa pessoa possa me olhar com outros olhos, como eu estou fazendo. A gente não precisa se amar; basta se respeitar, se aceitar, não querer impor nada, nem opiniões, nem atitudes e acima de tudo, como em qualquer tipo de relacionamento, ter sinceridade.
Acho que, nesse final de semana, eu cresci mais um pouco...

Bjs para todos.
E para o meu bebê:
"É um milagre... Tudo que Deus criou pensando em você
(...)
Sem pensar em nada fez a minha vida e te deu"

Léo.

Tuesday, September 13, 2005

Aniversário do meu bebê

Eu só iria postar no domingo, mas resolvi postar hoje. Não pra dizer muita coisa, porque o meu último post já diz tudo para a pessoa especial que faz aniversário essa semana (15/09). E é claro que eu não deixaria passar essa data em branco.
Denis, meu virginiano, parabéns por tudo que você significa não só para mim, mas para todos os seus amigos. Parabéns pela sua sinceridade, seu caráter, sua determinação, sua vontade de vencer e de ser feliz. Parabéns por todas as suas qualidades e defeitos, os quais quero poder compartilhar e, assim, podermos crescer juntos como homens, como namorados, como amantes, como amigos, como seres humanos. Obrigado por ter caído do céu na minha vida e ter trazido uma nova luz pra ela. Keep always by my side, because you let me addicted to you, and I don't want anybody else 'cause I see life, joy and, above of all, LOVE in your eyes. I wanna cater to ya, I wanna give you my body and my soul. I'm yours, my baby; and the world is ours.

Léo.

Monday, September 05, 2005

Há quanto tempo

"Há tanto tempo eu não sentava nessa mesa
E pegava essa caneta com aquela vontade de sempre
Mas não quer dizer que eu não estava escrevendo.
Eu só havia deixado o papel de lado.

Passei a escrever no meu coração.
Usei a tinta do seu amor,
Escrevi com as letras da sua imaginação,
E me deixei levar pelo abraço que você me deu,
Pelo beijo que me entorpeceu.

Escrevi um poema com estrofes gigantes
E versos que rimavam perfeitamente.
Rimavam no ritmo do nosso amor.
Eram como uma música encantadora
Que enchia nossos ouvidos de pura beleza.
Talvez a mesma beleza que encontrei no seu olhar.
A mesma beleza que descobri em cada curva do seu corpo.
Simplesmente beleza.

E a cada estrofe que eu escrevia,
Eu sentia tua presença invadir meu ser.
Podia até mesmo ouvir sua voz ao pé do meu ouvido,
Podia lembrar daqueles momentos em que não é preciso falar nada.
Seu olhar já dizia tudo,
Aliás, sempre diz.

A cada verso criado
A respiração se tornava mais ofegante
Os sentimentos se enchiam de intensidade
E uma dor invadia meu peito
A ponto de quase estourar de saudade.

Mas quando escrevi o último verso,
Ouvi o canto dos pássaros que passavam pela minha janela,
Vi um jardim lindo cheio de flores,
Senti um gosto de mel escorrer pela minha boca,
Senti o cheiro de roupa limpa, de perfume de bebê,
Senti seu corpo pesando sobre o meu.
Esse último verso dizia tudo,
Dizia o quanto eu te amo."

(meu)

Nem preciso dizer pra quem é, né?
Denis, eu amo vc.
Léo.
Ah! Denis: não esquece de atualizar seu flog.

"Cresci com alegria e alguma dor.
Acho que percebi a origem de ambas.
Talvez por isso continuo a crescer."