Tuesday, October 17, 2006

Você já desejou voltar no tempo?

Diego estava viajando num final de semana com alguns amigos quando recebeu um telefonema que lhe avisara que seu melhor amigo havia falecido após um acidente. Era aniversário de Diego, mas Leandro não estava ali porque haviam brigado um ano antes. Havia brigado com Leandro porque este nunca soube respeitar o espaço dele, porque Leandro não oferecia simplesmente uma amizade, ele fazia de Diego algo muito mais importante que sua própria vida.
Naquele momento, a única coisa que vinha à mente de Diego eram as últimas palavras que ambos haviam trocado após ele ter pedido para Leandro não o procurar mais. As suas eram: “Você me assusta; não consigo viver dessa forma.” As de seu amigo eram: “Você não tinha o direito de jogar nossa amizade fora.”
Nesse instante, uma lágrima escorreu no rosto de Diego, que percebeu que havia trocado uma amizade verdadeira por coleguismos. As pessoas que estava ao redor de Diego mal perceberam que ele estava chorando. Estavam todas muito ocupadas com suas conversas, suas cervejas, suas futilidades. Ocupadas demais para perceber que Diego acabara de desabar.
Leandro não havia crescido ao lado de Diego, mas o tratou sempre como um irmão. Ajudou-o a conseguir um emprego, a ter responsabilidade, a ser homem. Leandro achava que tinha ensinado Diego a ser amigo também, mas se decepcionou após a briga definitiva. Na realidade Diego aprendeu a ser amigo sim, mas não sabia administrar isso bem dentro dele. Não sabia lidar com uma pessoa que lhe dava algo que nem sua família foi capaz: amor. Um amor muitas vezes incondicional. Exagerado.
Diego teve vontade de voltar no tempo e desfazer seu erro. Mas era tarde. Tudo o que ele queria dizer era: “Eu nunca consegui deixar de pensar em você nem de te amar. Me perdoa. Eu preciso de sua amizade”. Mas era tarde.
A vida nem sempre nos dá uma segunda chance. A morte é uma das formas de perdermos essa segunda chance de fazermos o que faltou. Há algumas semanas, ouvi a seguinte frase: “Para alguém morrer, basta virar esquina e não o vermos mais”. Por isso, não deixe de falar ou fazer o que está no seu coração hoje ainda. Amanhã pode ser tarde demais.