Sunday, January 23, 2005

Coisas Simples da Vida

Olá meus amigos,

Na semana anterior eu tinha parado para pensar como a vida é feita de coisas simples. Tudo começou quando eu tinha decidido dar um simples passeio na Lagoa para ver a árvore de natal. Um simples passeio com um amigo. Inclusive fiz uma coisa que não fazia há anos: andar de balanço. Senti-me uma criança. E fiquei impressionado como uma coisa tão simples pôde me deixar tão feliz. E essa idéia de simplicidade continuou quando eu li o seguinte texto de Clarice Lispector:

Ato Gratuito

(...) O ato gratuito é o oposto da nossa corrida pelo dinheiro, pelo trabalho, pelo amor, pelos prazeres, pelos táxis e ônibus, pela nossa vida diária enfim – que esta é toda paga.
(...)
Uma tarde dessas (...) percebi que estava sedenta. Uma sede de liberdade me acordara. Eu estava simplesmente cansada de morar num apartamento. (...) Eu precisava – precisava com urgência - de um ato de liberdade: do ato que é por si só. Um ato que manifestasse fora de mim o que eu secretamente era. E necessitava de um ato pelo qual eu não precisasse pagar. Não digo pagar com dinheiro mas sim, de modo mais amplo, pagar o alto preço que custa viver.
Então minha própria sede me guiou. (...) Interrompi meu trabalho, (...) tomei um táxi que passava e disse ao chofer: ‘Vamos ao Jardim Botânico’.
Deixei abertas as vidraças do carro, que corria muito, e eu já começara minha liberdade deixando que um vento fortíssimo me desalinhasse os cabelos e me batesse no rosto grato, de olhos entrefechados de felicidade.
Eu ia ao Jardim Botânico para quê? Só para olhar. Só para ver. Só para viver.
(...) Lá a vida verde era larga. Eu não via ali nenhuma avareza: tudo se dava por inteiro, ao vento, ao ar, à vida(...).
(...)
De propósito não vou descrever o que eu vi: cada pessoa tem que descobrir sozinha. (...) Eu andava, andava. Às vezes parava. (...) Eu sentia um medo bom – como um estremecimento apenas perceptível de alma – um medo bom de talvez estar perdida e nunca mais, porém nunca mais! Achar a porta de saída.
Havia naquela alameda um chafariz de onde a água corria sem parar. (...)Bebi, molhei-me toda. Sem me incomodar: esse exagero estava de acordo com a abundância do Jardim.
O chão estava às vezes coberto de bolinhas de ararueira, daquelas que caem em abundância nas calçadas de nossa infância e que pisamos, não sei porque, com enorme prazer. Repeti então o esmagamento das bolinhas e de novo senti o misterioso gosto bom.
Estava com um cansaço benfazejo, era hora de voltar(...).”

Outra coisa que me fez parar e pensar no assunto foi a microssérie a TV Globo “Hoje é dia de Maria”, que me transportou durante duas semanas para um mundo extraordinário, cheio de encantos e fantasias. Uma verdadeira obra de arte na TV, como eu nunca havia visto. Uma história onde a personagem principal, apesar de todas as dificuldades, acredita no poder do amor e da amizade e segue o seu caminho sempre acreditando no sonho.
E pra terminar, fui no show da Maria Rita na praia, que me fez muito bem depois de uma semana de muita tristeza.
Cheguei a conclusão que, na vida, não precisamos de fortuna porque as coisas mais simples são de graça, como andar de balanço, andar no meio do mato, se molhar todo num chafariz (ou que seja numa mangueira mesmo), pisar na areia da praia, passear com os amigos, assirtir a um bando de eventos que há na cidade de graça, acreditar nos seus sonhos e o mais importante: amar, seus amigos, namorados, sua família ou qualquer outra pessoa. Um simples olhar, um abraço, um toque, uma simples palavra de conforto, um “tô aqui”, um “eu te amo”. São nessas pequenas coisas que deveríamos prestar mais atenção e dar mais valor. Elas fazem a vida mais feliz.

Só pra não perder o costume de falar dos filmes que vi, vi dois:
Irreversível: razoável, porém violento demais.
Identidade: muito interessante e surpreendente. Confiram.

Beijos e muito amor no coração de todos. Comentem.
Léo.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Oi Léo, eu adorei o seu blogger. Na boa, vc descreveu exatamente coisa as quais eu estava pensando. E essa dificuldade de se sentir só, carente, sem ter com quem contar, abraçar, amar, etc... são nessas horas q vemos a importancia de pequenos gestos como "te amo" "te adodo" "boa noite""como foi seu dia" são coisas q pelo menos eu e acredito q com certeza vc tbm, tinha o costume de dizer essas palavras como outras mais. E hj em dia tdo ñ passa com uma simples lembrança de uma pessoa q me machucou muito e q agora me levanteui p/ seguir em frente e encontrar o verdadeiro sentido de amar e ser amado. Te adoro muito Leo. TAM . super abraço do seu amigo e sempre Juliano

12:51 AM  
Anonymous Anonymous said...

Léo, te conheci ontem e já virei fã!
Isso não é apenas um blogger, é praticamente um resumo de tudo aquilo que sentimos e de certa forma não conseguimos expressar.
Adorei o show, adorei as novas amizades e adorei mais ainda saber que existem pessoas como vc...
Fica bem...
BJSXXXXXX
Martha(Lúcia..rsrsrs)

1:06 AM  

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